1  Introdução


O CONTRAN, por meio da Resolução 380/11 estabeleceu a obrigatoridade dos freios ABS na frota de veículos novos. O objetivo deste documento é avaliar o impacto da obrigatoriedade do freio ABS em caminhões na severidade dos sinistros de trânsito. A pesquisa utilizou dados de sinistros nas rodovias federais brasileiras disponibilizados pela da Polícia Rodoviária Federal.

1.1 Estudos sobre o impacto de ABS

Nos Estados Unidos, Bhalla e Gleason (2020) desenvolveram um estudo com o objetivo de avaliar o impacto da implementação de tecnologias de segurança veicular na América Latina e no Caribe para reduzir mortes e lesões no trânsito. A metodologia envolveu o uso de dados sobre mortalidade e sinistros de vários países da região e a estimativa dos benefícios da difusão das tecnologias de segurança veicular em termos da redução da mortalidade e do indicador DALY (Disability-Adjusted Life Years). Especificamente, o uso do controle eletrônico de estabilidade juntamente com os freios ABS poderia resultar em 19,40% menos mortes e um indicador DALY 17% menor.

Com o objetivo comparar as taxas anuais de sinistros (RTCs) em carros equipados com e sem Sistema de Frenagem Antibloqueio (ABS) de um mesmo fabricante de veículos no Irã, (Khorasani-Zavareh et al., 2013) coletou os dados estudados através de uma pesquisa telefônica estruturada para obter informações sobre o número de sinistros, perdas financeiras e percepções dos motoristas em relação ao ABS. A amostra foi composta por 1.232 condutores de veículos equipados com ABS e 3.123 sem ABS, selecionados por meio de amostragem aleatória simples do cadastro da Organização Central de Seguros. Entre os motoristas de veículos equipados com ABS, 61,1% relataram situações em que acreditavam que o sistema havia evitado uma colisão e 44,1% dos motoristas com ABS não sabiam como usar o ABS de forma eficaz. O estudo descobriu também que a incidência de RTCs devido a falha de freio foi maior no grupo sem ABS, com uma taxa de 50,3 RTCs por 1.000 veículos/ano em comparação com 30,0 RTCs por 1.000 veículos/ano para os com ABS.

O estudo conduzido por Zulhilm et al., 2020 teve como objetivo analisar o efeito da frenagem de emergência sem Sistema de Frenagem Antibloqueio (ABS) no comportamento da dinâmica de veículos. Com o uso de um veículo de teste (um carro nacional da Malásia, o Proton Persona) instrumentado com sensores e sistemas de aquisição de dados. Foram tomadas precauções de segurança, incluindo a utilização de uma pista de testes fechada e um motorista experiente. O estudo envolveu travagens de emergência a 60 km/h em estradas molhadas, com dados registados e analisados para fins de consistência. Os resultados indicaram que sem o ABS, o veículo enfrentava desafios na manutenção da estabilidade e da direção durante a travagem de emergência, destacando a importância do ABS na melhoria do desempenho da frenagem veicular e consequentemente da segurança rodoviária em geral.