2  Estatísticas descritivas sobre a sinistralidade no Transporte de Cargas e de Passageiros


Com o intuito de avaliar a representatividade do Transporte de Cargas e de Passageiros, em 2022 os veículos de cargas representaram 2.6% da frota nacional e os veículos de passageiros 0.49 %, entretanto, ao analisarmos as suas frequências relativas nos sinistros ocorridos em rodovias federais e a quantidade de óbitos fornecidos pelo DATASUS, notou-se que 15.32% dos sinistros totais no ano e 2.38% dos óbitos eram relativos ao Transporte de Cargas, e 4.4% dos sinistros e 2.38% dos óbitos ao Transporte de Passageiros.

Essa seção do trabalho foi dividida em duas partes, a análise focando nos sinistros e a análise focando nas vítimas. Para isso, foram identificadas as vítimas que pertenciam ao mesmo sinistro a partir do número de identificação do sinistro. Com isso foi criada outra base de dados agregando as informações relativas às vítimas e aos sinistros. Já para a análise das vítimas foi apenas utilizado a própria base de dados previamente fornecida pela PRF.

2.1 Base de dados sobre os sinistros

Neste tópico serão apresentadas as estatísticas descritivas relativas às características dos sinistros. Nos gráficos da Seção 2.1.1 podem ser observadas as quantidades de sinistros (com vítimas fatais, com vítimas feridas e sem vítimas) ao longo do período de análise tanto para o Transporte de Cargas quanto para o Transporte de Passageiros. A quantidade de sinistros no Transporte de Cargas foi em torno de 11 vezes maior que no Transportes de Passageiros tomando o ano de 2023 como referência. De 2011 a 2023 houve uma redução geral da quantidade de sinistros nas duas modalidades. A queda especialmente pronunciada do número de sinistros sem vítimas ao longo do período de análise é atribuída a mudanças nos procedimentos de registros, as quais serão discutidas nas próximas seções deste documento.

2.1.1 Evolução da quantidade de sinistros

Para analisar a evolução dos tipos de sinistros, foram gerados dois gráficos de barras dinâmicos (Gráficos da seção 2.1.2), que demonstram a porcentagem de ocorrência de cada tipo de sinistro conforme seu respectivo ano.

2.1.2 Evolução dos tipos de sinistros

Para o Transporte de Cargas, houve uma diminuição significativa para os tipos “Colisão traseira” e “Colisão lateral”, respectivamente, de 29,3% e 27,8% em 2011 para 21,7% e 18,6% em 2023. Já o “Tombamento” apresentou um aumento de 8% em 2011 para 11,9% em 2023. É interessante notar que em 2017 houve uma mudança na denominação de “Saída da Pista” para “Saída do leito carroçável” para ambas modalidades de transporte.

Já para o Transporte de Passageiros, considerando os anos de 2011 e 2023, houve um aumento de 4,2% nos casos de “Atropelamento de pedestre” e um aumento de 7% nas “Colisões frontais”, enquanto a “Colisão traseira” e “Colisão lateral” tiveram uma queda de, respectivamente, 10,4% e 8,4%.

2.1.3 Quadro dia da semana vs hora do dia

Os quadros a seguir contém a representação da quantidade de sinistros total entre 2011 e 2023 em cada horário de cada dia da semana. No Transporte de Cargas há uma quantidade de sinistros maior entre os horários de 7 às 19 horas em dias úteis, tendo um pico de sinistros na sexta-feira entre às 16 e 17 horas. No Transporte de Passageiros houve uma quantidade maior de sinistros nos horários entre 7 horas e 18 horas, com uma concentração maior no ínicio e no fim deste período.

2.2 Base de dados sobre as vítimas

Neste tópico são apresentadas algumas estatísticas a respeito das vítimas envolvidas em sinistros no Transporte de Cargas e de Passageiros, sendo elas ocupantes ou não dos veículos de cargas ou passageiros, incluindo, portanto, a outra parte envolvida no sinsitro. Em relação à idade das vítimas, os histrogramas da seção 2.2.1 mostram que a distribuição é similar no Transporte de Cargas e de Passageiros. A linha pontilhada em vermelho representa a média das idades.

2.2.1 Idade

2.2.2 Sexo

Nas tabelas abaixo são apresentadas as porcentagens segundo sexo de cada modalidade de transporte.

Porcentagem
masculino 92.09
feminino 2.24
ignorado 5.67
Porcentagem
masculino 70.73
feminino 26.42
ignorado 2.84

Pode-se notar que, para o Transporte de Cargas, o sexo masculino representa 92,09% da quantidade dos envolvidos em sinistros. Já para o Transporte de Passageiros, o sexo feminino já representa uma quantidade de 26,42%, enquanto o masculino 70,73% dos casos.

Os quadros da seção 2.2.3 contém a representação da quantidade de vítimas segundo sexo e faixa etária. Percebe-se que tanto para o Transporte de Cargas quanto o Transporte de Passageiros, há uma quantidade maior de vítimas do sexo masculino na faixa etária de 20 a 40 anos de idade.

2.2.3 Quadro sexo x faixa etária

2.2.4 Evolução do número de vítimas

Os gráficos desta seção permitem observar a evolução da quantidade de vítimas em sinistros no Transporte de Cargas e de Passageiros. Pode-se observar uma diminuição significativa na quantidade de vítimas ilesas ao longo do período de análise. Esta redução especialmente pronunciada se deve à uma mudança nos procedimentos de registro da PRF. Em 2014 foi implantado o e-DAT (Declaração de Acidentes de Trânsito) que pode ser feita pelos próprios envolvidos no sinistro via internet, de modo que a partir deste ano a PRF não realizava mais o registro do boletim de ocorrência convencional (LPAT) no local do sinistro para os sinistros sem vítima, exceto para os seguintes casos: Lesões em outras pessoas envolvidas no mesmo sinistros; Envolvimento de servidores da PRF; Danos a bens públicos não concedidos à iniciativa privada; Danos ao meio ambiente; Condutor inabilitado, com CNH suspensa ou cassada; Vazamento ou derramamento de produto perigoso, avaria nas embalagens dos produtos perigosos fracionados, danos no equipamento de transporte de produto perigoso a granel; Envolvimento de algum condutor que esteja sob influência de substância psicoativa de uso indevido, independentemente do teor ou da forma de constatação; Ocorrência de incêndio; Veículo localizado; e Condutor não localizado. Em razão disso, as análises seguintes conduzidas neste documento levarão em consideração apenas os dados referentes ao período 2019-2023.

Para demais as classificações houve, de modo geral, uma redução do número de vítimas ao longo do período analisado.

2.2.5 Severidade do estado das vítimas

Para avaliar a taxa de severidade ao decorrer dos anos, foi gerado o gráfico 2.2.5.1. A taxa de severidade representa a soma entre os “feridos graves” mais os “mortos” dividido pelo total de sinistros. Para o Transporte de Cargas, o ano de 2022 resultou com a maior taxa de severidade (10% das vítimas de todos os sinistros com Transporte de Cargas nesse ano foram classificados como “feridos graves” ou “mortos”), enquanto para o Transporte de Passageiros foi no ano de 2021 com 8,87% dos casos. Nota-se ainda que no Transporte de Cargas há uma tendência de aumento da severidade, já no Transporte de Passageiros, uma tendência de redução.

2.2.5.1 Evolução da taxa de severidade